sábado, abril 04, 2015

VELOZES & FURIOSOS 7 (Furious 7)



Uma diferença e tanto quando sai um diretor de segunda categoria como Justin Lin, que vinha com a franquia Velozes e Furiosos desde o terceiro filme da série, e entra um cineasta mais habilidoso, ainda que venha de outro tipo de filme de gênero, no caso os filmes de horror, James Wan. E o curioso disso é que Lin, mesmo não sendo tão bom, tem cada vez ganhado mais prestígio, desde assumir a direção de episódios da segunda temporada da conceituada série TRUE DETECTIVE até a ser contratado para dirigir o próximo filme da franquia STAR TREK.

Mas voltemos a Wan, cineasta que veio de filmes de horror de baixo orçamento, sendo o melhor deles INVOCAÇÃO DO MAL (2013), e sua incrível habilidade em tornar algo que era uma espécie de cinessérie B de orçamento inchado (por ter excelente retorno financeiro) e fazer um filme de qualidade, cujo orçamento alto, chegando perto dos 200 milhões de dólares, segundo algumas fontes, dá mesmo a impressão de que todo esse dinheiro foi bem empregado.

As cenas de ação são orgânicas, o impacto dos carros parece quase sempre real, o uso de CGI é disfarçado e há um interesse em tornar essas cenas "realistas", por mais absurdas que elas sejam. Mas eis a graça do filme: o seu exagero no modo como lida com os excessos e com a própria inverossimilhança. Afinal, não é divertido ver um carro atravessando dois prédios? Carros não voam, como diz determinado personagem. Sem falar no quanto os personagens são duros na queda em enfrentar as mais violentas batidas e sobreviver.

Falando em sobreviver, não dá pra falar de VELOZES & FURIOSOS 7 (2015) e não citar o caso da morte de Paul Walker durante as filmagens, e no quanto isso acabou funcionando tanto como uma maneira de a série ser mais levada a sério por um público maior, quanto como uma forma de gerar curiosidade por parte desse público maior em relação ao modo como resolveram modificar o roteiro do filme de modo a ajustar e a homenagear Walker, que esteve em quase todos os filmes da franquia como protagonista, junto com Vin Diesel.

Um dos pontos fracos da série ainda continua, porém, que é o uso do sentimentalismo, que parece inspirado em uma novela mexicana. Interessante Wan não ter se importado em atenuar isso. Ao contrário, os dramas dos personagens são amplificados. Não apenas por causa do personagem de Walker, mas há também o caso de Letty (Michelle Rodriguez), que havia perdido a memória no filme anterior e vive nessa situação de não conseguir lembrar mais o passado que teve com Toretto (Vin Diesel). Felizmente ou infelizmente, depende de cada um, esses momentos não chegam a ser elementos que perturbam o que mais interessa no filme, que é a ação.

E a ação, desde alguns filmes atrás, deixou de ser apenas relacionada às corridas de automóveis. Os personagens se tornaram uma equipe especializada em lidar com situações difíceis, quase como super-heróis. E nisso, Wan faz questão de tornar o papel de cada um deles bastante claro, através da fala de uma nova personagem, a hacker Ramsey, vivida pela bela Nathalie Emmanuel, de GAME OF THRONES. Ela apresenta, de maneira didática, o papel de cada elemento do grupo, o que acaba sendo de ajuda para quem nunca viu nenhum dos outros seis filmes.

Quanto à ação, a primeira a deixar o espectador rindo consigo mesmo é a dos carros saindo de dentro de um avião, com paraquedas, com o objetivo de resgatar Ramsey de um grupo terrorista. Em paralelo à missão do grupo, há o ataque constante do grande vilão do filme, vivido por Jason Stathan, que, aliás, começa muito bem, atacando o policial Hobbs (Dwayne Johnson), e fazendo com que sua vitória sobre o montanhoso ator pareça até aceitável. Statham é o sujeito que matou, por vingança, um dos membros do grupo de Toretto no final de VELOZES & FURIOSOS 6, tornando-se, portanto, inimigo número 1 da “família”.

Muito bom também o modo como o diretor (e seu montador) costura as cenas de ação, tornando-as fáceis e agradáveis de serem acompanhadas. O humor também está no ponto, graças, principalmente, ao personagem Roman, de Tyrese Gibson, mas também por causa das situações inusitadas que acontecem, como nas cenas nos Emirados Árabes Unidos, país que fornece uma locação lindíssima, aliás.

Assim, VELOZES & FURIOSOS 7 acaba sendo o filme dos sonhos de muito fã, com ação e barulho a dar com pau, personagens carismáticos e bem tratados, uma homenagem um pouco cafona mas merecida a Walker, e um trabalho com cara de produção classe A, finalmente.

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